sábado, 27 de junho de 2009

Festival Folclórico de Parintins

A força do folclore brasileiro é algo difícil de explicar. Afinal, que justificativa você pode me dar para que uma cidade do interior amazonense, no meio da floresta amazônica, com pouco mais de 100 mil habitantes, se transforme completamente com a chegada do mês de junho? E se divida entre as cores azul e vermelha, onde só se fala em boi, transformando-se no palco da maior manifestação cultural do Norte do país?

É o Festival folclórico de Parintins, que traz para a cidade cerca de 50 mil pessoas (é isso mesmo, a população aumenta em 50%)! O primeiro aconteceu em 1965 e de lá prá cá a evolução foi imensa, fazendo com que as apresentações ganhassem luxo e criatividade só vistos na Marquês de Sapucaí, durante o carnaval do Rio.

A festa conta com patrocinadores de peso, que investem realmente "pesado" para associar sua imagem ao festival. Exemplo disso é a Coca, que agora, em 2009, celebra 15 anos de patrocínio. O video da campanha (abaixo) é maravilhoso e representa um pouco do que é Parintins, fazendo um convite para que as pessoas participem da festa.

Muita gente se pergunta: mas o que que a Amazônia tem a ver com "boi"? Em se trantando de um festival folclórico, não seria o caso de se homenagear a onça pintada, pirarucu ou o boto dos rios amazônicos? Por que BOI??? Fácil. E lógico. No auge do ciclo da borracha, muitos nordestinos, principalmente do Maranhão (onde o folclore do bumba-meu-boi é muito tradicional) vieram para os seringais da Amazônia. E claro, trouxeram consigo aspectos "folclórico-culturais" . O BOI veio junto. E ganhou uma força inacreditável.


A lenda que deu origem ao festival é a seguinte: dizem que um certo Pai Francisco, empregado de um rico fazendeiro, tinha uma esposa, mãe Catirina (é Catirina mesmo) que estava grávida e com desejo de comer a língua do boi mais bonito da fazenda. Para satisfazer o desejo da mulher, o apaixonado (e maluco) Pai Francisco manda matar o boi de estimação do patrão, que quando descobre que seu boi tão lindo morreu, fica louco da vida. Pai Francisco é então descoberto, tenta fugir mas é preso. Desesperado, na tentativa de trazer o boi de volta, um padre e um médico são chamados (o pajé, na tradição indígena) e o que acontece? O boi ressuscita. Pai Francisco e Mãe Catirina são perdoados e há uma grande comemoração, que se transformou no festival de Parintins. Bem, o resto você já sabe.


E se não sabe, vai ficar sabendo quando Junho chegar, pois a Band, está fazendo a cobertura completa da festa, nos mesmos moldes do que faz no Carnaval de Salvador.

A apresentação ocorre no Bumbódromo, um tipo de estádio com o formato de uma cabeça de boi estilizada, com capacidade para 35 mil espectadores. Durante as três noites de apresentação, os dois bois exploram as temáticas regionais como lendas, rituais indígenas e costumes dos povos ribeirinhos através de alegorias e encenações.

A cidade de Parintins fica margem direita do rio Amazonas, a 369 quilômetros da capital, Manaus, em linha reta, e a 420 quilômetros por via fluvial. Isso equivale a 15 horas descendo o rio e 27 subindo (contra a correnteza), se a viagem for feita em barcos regionais. De avião, o tempo estimado é de uma hora e meia.

A cidade é cercada de belezas naturais, mas os atrativos turísticos ficam em segundo plano, em comparação ao festival. O que não se pode perder de jeito nenhum, é a oportunidade de bate-papo informal com a gente do local. Afinal, Parintins é repleta de personalidades e de mitos como seu Valdir Viana, famoso curandeiro; Dona Maria Ângela, a mulher que tem a casa e os objetos todos em vermelho em homenagem ao boi Garantido, ou até o sábio e folclorista Simão Pessoa, praticamente o engenheiro intelectual do bumbá Caprichoso.



Se você tiver a oportunidade de ir, visite os currais dos bois em Parintins, Caprichoso e Garantido, os personagens que projetam a cidade para o mundo. Conheça tudo e não esqueça, é claro, da culinária do local. E imprescindível!

A festa acontece todos os anos no ultimo final de semana de Junho, ou seja, este ano de 26 a 28. E o festival, à noite, tem uma apresentação a céu aberto, onde competem duas agremiações (como se fossem duas escolas de samba), o Boi Garantido, na cor vermelha, e o Boi Caprichoso, na cor azul.

Um comentário:

romara disse...

sou alucinada para conhecer esse lugar! eu sou o boi garantido...kkkkk
ai ai...quem sabe um dia,hein?
bjokas